A exposição “Acauã e o fantasma” apresenta um diálogo entre a obra de Rivane Neuenschwander e do artista pernambucano José Bezerra. A artista mineira mostra pela primeira vez no Brasil a série Caça ao Fantasma (2018), enquanto Bezerra dispõe esculturas pelo espaço expositivo.
Em um conjunto de cinco trabalhos formados por polípticos de seis partes, Caça ao Fantasma mostra tentativas de revelar a palavra “fantasma” em mapas ocultos por uma película branca. Seis diferentes pessoas foram convidadas pela artista para raspar com o estilete o mesmo desenho de uma criança. Como uma “raspadinha”, nesses trabalhos vemos o registro de diferentes sensibilidades no acesso de uma forma velada. Esse desenho tateante remete também ao rastro de lesma que desenhava a série de trabalhos A Aturdita, que Neuenschwander desenvolveu em 2014.
De maneira similar, as esculturas de José Bezerra parecem revelar também um desenho insinuado na madeira encontrada, dando formas que fazem parte do imaginário do artista. Bezerra enxerga nos troncos, nos galhos e nas raízes, imagens de animais que comeu. Com o facão talha o lenho para fazer aparecer a figura, que ainda assim não perde seu vínculo com a matéria vegetal.
Com curadoria de Gisela Domschke, a mostra abre um diálogo entre duas práticas distintas, mas que endereçam o desejo como a produção do real, seja no fantasma de contornos psicanalíticos de Neuenschwander ou na forma pulsante de Bezerra. Ambas podem ser vistas como diferentes perspectivas sobre estar neste mundo, suas distâncias externas e internas, suas variações que relacionam, suas diferenças que revelam as múltiplas vistas do ponto.
Na abertura da exposição, foi também realizada a exibição do filme em película Diários de Pangaea (2008) de Neuenschwander, onde formigas interagem com um mapa-mundi de finas fatias de carne na forma do supercontinente, que existiu há 300 milhões de anos.