O auroras e a Sé têm o prazer de apresentar uma exposição com obras de max wíllà morais e de Leonilson. Em livre diálogo, desenhos e pinturas compartilham gestos simbólicos de uma falta de decoro em relação aos limites retangulares que tradicionalmente moldou obras “bidimensionais”. As formas que ocupam esses espaços irregulares se mantêm também no limite entre uma figuração sugestiva – também pelos títulos – e formas orgânicas mais ou menos abstratas.
Esses elementos parecem estar sempre em relação entre eles. De um objeto, sujeito ou forma com o outro. Nos desenhos de max wíllà morais as formas afetam umas às outras, as deformam num possível contato imanente. Essas relações são desenvolvidas em pequenos polípticos na obra da artista que, se por um lado dá um certo movimento à essas interações entre as formas, a repetição de um mesmo tamanho de suporte, mesmo que alterados em pontos diferentes, reitera um padrão sobre o qual se atua. Cada grupo utiliza-se de um tipo de papel colorido sobre o qual a artista intervém com diversos materiais, lápis colorido e grafite, esmalte de unha e iluminador de rosto.
A poética que Leonilson desenvolveu em pouco mais de uma década, atravessando os anos oitenta e o começo da década seguinte, tomou também diferentes tipos de suportes. Desde desenhos sobre papel, ao uso de lonas soltas, telas e tecidos. Sobre eles, Leonilson recorrentemente escolhe uma disposição moderada das inscrições, resultando em pequenas figurações solitárias ou com alguns poucos companheiros. Essas figuras e espaços desenhados de alguma maneira ativam o suporte, fazendo com que os próprios “vazios” que envolvem os pequenos desenhos adquiram certa materialidade.
Dessa forma, as obras desses dois artistas parecem interessadas em explorar o que este suporte tem a oferecer, onde ele pode ser rasgado e onde o que era então dado como “normal” é desafiado a adquirir novas materialidades.