Tadáskía + Leonilson
14 de Novembro 2020 — 23 de Janeiro 2021
Tadáskía + Leonilson
14 de Novembro 2020 — 23 de Janeiro 2021

O auroras e a Sé têm o prazer de apresentar uma exposição com obras de Tadáskía e de Leonilson. Em livre diálogo, desenhos e pinturas compartilham gestos simbólicos de uma falta de decoro em relação aos limites retangulares que tradicionalmente moldou obras “bidimensionais”. As formas que ocupam esses espaços irregulares se mantêm também no limite entre uma figuração sugestiva – também pelos títulos – e formas orgânicas mais ou menos abstratas.

Esses elementos parecem estar sempre em relação entre eles. De um objeto, sujeito ou forma com o outro. Nos desenhos de Tadáskía as formas afetam umas às outras, as deformam num possível contato imanente. Essas relações são desenvolvidas em pequenos polípticos na obra da artista que, se por um lado dá um certo movimento à essas interações entre as formas, a repetição de um mesmo tamanho de suporte, mesmo que alterados em pontos diferentes, reitera um padrão sobre o qual se atua. Cada grupo utiliza-se de um tipo de papel colorido sobre o qual a artista intervém com diversos materiais, lápis colorido e grafite, esmalte de unha e iluminador de rosto.

A poética que Leonilson desenvolveu em pouco mais de uma década, atravessando os anos oitenta e o começo da década seguinte, tomou também diferentes tipos de suportes. Desde desenhos sobre papel, ao uso de lonas soltas, telas e tecidos. Sobre eles, Leonilson recorrentemente escolhe uma disposição moderada das inscrições, resultando em pequenas figurações solitárias ou com alguns poucos companheiros. Essas figuras e espaços desenhados de alguma maneira ativam o suporte, fazendo com que os próprios “vazios” que envolvem os pequenos desenhos adquiram certa materialidade.

Dessa forma, as obras desses dois artistas parecem interessadas em explorar o que este suporte tem a oferecer, onde ele pode ser rasgado e onde o que era então dado como “normal” é desafiado a adquirir novas materialidades.

Vistas da exposição
Fotografia: Ding Musa
Leonilson: obras
Icaro e a queda, 1984
acrílica e bordado sobre tela
110 x 220 cm
Sem título, 1983
acrílica sobre lona recortada
díptico: 102 x 150 cm, 43 x 205 cm
Saints, fools and toys, 1989
desenho
36 x 27 cm (com moldura)
Coleção Leda Catunda
A Flor de Fogo, 1988
acrílica sobre tela
45 cm diâmetro
Coleção Ana Maria Tavares
Tadáskía: obras
Laço, 2020
lápis de cor sobre papel
60 x 40cm (4 peças)
Laço, 2020
lápis de cor sobre papel
60 x 40cm (4 peças)
Laço, 2020
lápis de cor sobre papel
60 x 40cm (4 peças)
Laço, 2020
lápis de cor sobre papel
60 x 40cm (4 peças)
aurora, crepúsculo, tarde, 2020
tecidos, cristais, argolas de metal e cortina
135 cm x 86 cm, 130 cm x 91 cm, 136 cm x 86 cm
sem título, 2020
lápis de cor, esmalte de unha e
spray sobre papel
96 x 66 cm [cada]
aurora, crepúsculo, tarde, 2020
tecidos, cristais, argolas de metal e cortina
135 cm x 86 cm, 130 cm x 91 cm, 136 cm x 86 cm
aurora, crepúsculo, tarde, 2020
tecidos, cristais, argolas de metal e cortina
135 cm x 86 cm, 130 cm x 91 cm, 136 cm x 86 cm
toalha de rosto, toalha de corpo, 2020
toalha, base de rosto, pó de maquiagem, tecido,
jóias, pedras, bambu, linha e argolas de metal
160 cm x 116 cm
toalha de rosto, toalha de corpo, 2020
toalha, base de rosto, pó de maquiagem, tecido,
jóias, pedras, bambu, linha e argolas de metal
94 cm x 45 cm
toalha de rosto, toalha de corpo, 2020
toalha, base de rosto, pó de maquiagem, tecido,
jóias, pedras, bambu, linha e argolas de metal
103 cm x 45 cm
aurora, crepúsculo, tarde, 2020
tecidos, cristais, argolas de metal e cortina
135 cm x 86 cm, 130 cm x 91 cm, 136 cm x 86 cm
aurora, crepúsculo, tarde, 2020
tecidos, cristais, argolas de metal e cortina
135 cm x 86 cm, 130 cm x 91 cm, 136 cm x 86 cm
aurora, crepúsculo, tarde, 2020
tecidos, cristais, argolas de metal e cortina
135 cm x 86 cm, 130 cm x 91 cm, 136 cm x 86 cm
Sobre o artista: Leonilson

Leonilson (1957, Fortaleza – 1993, São Paulo) mudou-se para São Paulo em 1961, onde passou a maior parte do resto de sua vida. Estudou Arte Educação na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), embora nunca tenha concluído o curso (em vez disso, viajou para Europa, onde morou por um ano em Madri e Milão em 1981-1982). De volta ao Brasil, expôs com a Galeria Luisa Strina, em São Paulo; e a Thomas Cohn Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, que representaram-no por parte de sua vida. Embora no início de sua carreira tenha sido identificado com pintor da Geração Oitenta, muitos de seus trabalhos mais fortes (em especial os tardios) tomaram a forma de desenhos, objetos, bordados e instalações. Leonilson morreu 1993, aos 36 anos, em São Paulo.

Após sua morte a obra vem recebendo crescente atenção internacional. Sua obra participou de exposições em instituições como The Drawing Center (Nova York, 1995); na prestigiosa série “Projects”, do The Museum of Modern Art (New York, 1996); na 5ª Bienal de Istambul (1997); na XXIV Bienal de São Paulo (1998); “F[r]icciones”, no Museo Reina Sofía (Madri, 2000-2001), no “Ars 01”, Kiasma (Heksinque, 2001-2002). Ainda este ano, a Pinacoteca do Estado de São Paulo realizará mostra individual de Leonilson, remontando a instalação que o artista realizou na XVIII Bienal de São Paulo, em 1995. Sua obra está presente em importantes coleções mundiais como o Centre Georges Pompidou Paris, França); The Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO); Instituto Inhotim (Brumadinho, Brasil); Instituto Moreira Salles (Brasil); LACMA (Los Angeles, EUA); MAC-USP (São Paulo, Brasil); MAM-SP (São Paulo, Brasil); MAM-RJ (Rio de Janeiro, Brasil); MoMA – Museum of Modern Art (Nova York, EUA); MALBA (Buenos Aires, Argentina); Fundação de Serralves (Porto, Portugal); Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil); Tate Modern (Londres, Inglaterra).

Sobre a artista: Tadáskía

Tadáskía (1993, Rio de Janeiro) é artista e escritora, graduada em Artes Visuais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2016), mestranda em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2019-2021) e bolsista na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em Mediação (2014) e no Programa Formação e Deformação (2019-2020). Seus trabalhos de desenho, fotografia e aparições mobilizam histórias, geografias e as relações materiais e imateriais com o mundo e as coisas. Investiga também as experiências visíveis e invisíveis a partir da diáspora preta e dos encontros tanto familiares quanto incomuns. Foi indicada ao prêmio PIPA em 2020 e expôs recentemente na galeria A gentil Carioca, no Museu de Arte do Rio e no Paço Imperial do Rio de Janeiro. Participou das Residências “Raquel Trindade, a Kambinda” no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira no Rio de Janeiro, da Residência “Arrebatrá” no Centro Municipal Hélio Oiticica/RJ (2019/2020), da Residência “Entre nós” pela Oá Galeria em parceria com o Mosteiro Zen no Morro da Vargem Zenkoji, 2019; e da residência Despina, no Rio de Janeiro em 2019 e foi educadora do Museu de Arte do Rio (2014-2017).

É colaboradora do Instituto Maria e João Aleixo em Pesquisa, Educação e Culturas em Periferias (2018). Em 2018 estreou com Diambe Daniel Santiso “A poeira não quer sair do Esqueleto”, documentário experimental exibido na Argentina, Brasil, Uruguai, Sibéria, Emirados Árabes e Índia, entre outros lugares.