O auroras tem o orgulho de apresentar um diálogo entre as obras de Dudi Maia Rosa e Anderson Borba. No espaço principal, os artistas mostram um conjunto de trabalhos de parede, relevos e esculturas.
Ambos os artistas têm uma relação pictórica com o objeto. Pode-se argumentar por duas vias, que introjetam uma dimensão escultórica à pintura (talvez a via mais frequente de Dudi Maia Rosa) ou ainda que existe um interesse pelas qualidades de superfície – de cor e gesto – nas esculturas e relevos (aqui mais próximo de Anderson Borba). O fato é que, importando-se pouco com a categorização dessas obras, esses artistas produzem relações formais complexas entre esses gêneros históricos.
Um ponto divergente, talvez opostos, é a questão entre opacidade e transparência. Enquanto as madeiras (queimadas ou não) de Borba são evidentemente opacas, somando-se ainda os tratamentos de superfície com colagens e os talhos (que atestam essa carnalidade da matéria); as pinturas sobre resina de Maia Rosa jogam com a transparência do suporte. No entanto, é verdade que eles também exploram os lados opostos desse binômio: algumas esculturas de Borba criam volumes vazios que deixam o olhar atravessar e Maia Rosa adiciona a marca da tinta que bloqueia a translucidez da superfície.
A partir da singularidade de cada uma dessas obras que convivem no espaço, o público poderá estabelecer suas próprias relações entre essas formas vivas. Por fim, na biblioteca, os dois artistas de gerações distintas encontram-se ainda com a obra de Luisa Brandelli, que ocupa as duas salas de projetos da casa.