Carmela Gross + Lais Myrrha
01 Dezembro 2018 — 19 Janeiro 2019
Carmela Gross
Real People Are Dangerous

Lais Myrrha
Estudo de um futuro construido
01 Dezembro 2018 — 19 Janeiro 2019

Carmela Gross

Inundando o auroras com uma luz vermelha, a frase Real People / Are Dangerous (2008-2018) feita em neon e estrutura metálica é dividida em duas partes. Na primeira concepção dessa obra, a artista paulista Carmela Gross, havia projetado a frase para a cidade com lâmpadas tubulares em duas passarelas na Nova Zelândia. A descontinuidade espacial entre essas duas passarelas possibilitava uma amplitude no sentido geral da frase. No entanto, só foi permitido concluir metade do projeto. Seu sentido completo foi, na ocasião, resgatado num conjunto de dois pôsteres.

Para essa nova instalação, as duas frases são transportadas para dentro do espaço privado; aproximadas numa curta distância, mas ainda separadas em duas paredes contíguas e perpendiculares. Diferentemente do espaço público, a sentença aqui parece assumir um tom subjetivo, iluminando um espaço interno. A relação mais direta entre essas duas sentenças acaba por indicar uma leitura afirmativa, refletindo a retórica do medo que domina e controla muitos aspectos da vida contemporânea.

Lais Myrrha

Depois de apresentar Estudo de Caso (2018) na 12th Gwangju Biennale, onde a artista equilibra duas colunas emblemáticas da arquitetura brasileira: àquela do Palácio Alvorada, de Oscar Niemeyer sustentada pela coluna da Fazenda Colubandê, no estado do Rio de Janeiro – um marco da arquitetura colonial; agora Lais Myrrha ocupa o auroras com uma nova etapa da coluna do Alvorada. Diferente da versão de Gwangju, onde as colunas tinham uma escala de 1:1, aqui as peças se conformam ao espaço, mantendo uma dimensão gigantesca.

Estudo de um futuro construído parte do interesse da artista pela arquitetura – principalmente relações com a arquitetura moderna brasileira – mas também, como é frequente em suas obras, uma correspondência dialética entre a potência construtiva e as ruínas. É evidente que as obras entendem a relação da arquitetura como formas de poder e dominação, e projeta uma dimensão histórica na formação de uma “identidade nacional”.

Cabe agora imaginar que tipo de futuro está sendo formado nesses moldes, e se essa construção já não é, desde sua fundação, um projeto insustentável.

Vistas da exposição
Fotografia: Ding Musa
Real People Are Dangerous, 2008-2018
Sobre as artistas

Carmela Gross (São Paulo, 1946) é professora e artista plástica.  Possui graduação em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (1969), mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo (1981, 1987). Realizou individuais nas mais importantes instituições do Brasil, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro, Estação Pinacoteca, São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia, Museu da Cidade, Instituto Tomie Ohtake, Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, entre outros. Participou de 8 edições da Bienal Internacional de São Paulo desde a década de 60, além da II Bienal de Arte Contemporânea de Moscou em 2007 e, no mesmo ano, do Encuentro entre dos Mares: Bienal São Paulo-Valência na Espanha. Participou ainda da SCAPE 2008, Christchurch Biennal of Art in Public Space, New Zealand (2008) e da 5ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre (2005). Possui obras em coleções públicas e particulares, como Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da USP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MoMA – Museum of Modern Art (Nova York), Museum of Fine Arts (Houston), Instituto Inhotim entre outras. Realizou obras permanentes na cidade de Laguna, em Porto Alegre e em Paris.

Lais Myrrha  Mestre em 2007 e doutoranda desde 2015 pela Escola de Belas-Artes da UFMG, e graduada no curso de Artes Plásticas pela Escola Guignard, UEMG, 2001. Recebeu diversos prêmios tais como I Bolsa Pampulha (2003), Prêmio Projéteis, Rio de Janeiro (2007); o Prêmio Atos Visuais Brasília e a Bolsa de Estímulo às Artes Visuais (ambos agraciados pela Funarte também em 2007). Recebeu também um prêmio no I Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea, Brasília (2011) e Prêmio Arte e Patrimônio, pelo IPHAN/Minc/Paço Imperial do Rio de Janeiro (2013). Participou de importantes exposições como a 8º Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2011); 18º Festival Internacional de Arte Contemporânea do Videobrasil (2013); Prêmio Marcantonio Vilaça no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP, 2015); 32º Bienal de São Paulo (2016); Avenida Paulista, MASP (2017) e da “Condemned To Be Modern”, parte do Pacific Standard Time: LA/LA, realizado pela Getty Foundation, Los Angeles, EUA. Em 2013 realizou a individual “Zona de Instabilidade” na Caixa Cultural São Paulo e Brasília (2013/2014). Instalou o “Projeto Gameleira 1971” no Pivô, em 2014.