Alexandre da Cunha – Quebrada
28 Janeiro - 01 Abril 2023
Alexandre da Cunha -
Quebrada
28 Janeiro - 01 Abril 2023

É com prazer que anunciamos “Quebrada”, projeto de Alexandre da Cunha para a piscina do auroras. O trabalho consiste na montagem de uma série de toldos coloridos que se projetam da beirada da piscina para o interior, fazendo referência à composição espacial de um impluvium[i], uma pequena vila, uma feira de domingo, uma piazza ou uma quebrada.

Colecionar faz parte da prática do artista. Nos últimos anos, um arquivo fotográfico de toldos foi se formando e a observação das suas qualidades formais instigou um interesse pictórico. De fato, são planos de cores que se destacam da paisagem urbana. No entanto, se frequentemente esses objetos são monocromáticos ou com composições de cores elementares, a agência do tempo e o desgaste do uso conferem à essas coberturas uma complexidade pictórica especial.

Existe uma dimensão de procedimento na elaboração do trabalho que faz com que os visitantes possam “refazê-lo” em outras ocasiões. Isto é, uma vez aguçada a percepção para estes elementos na paisagem urbana, o público cria sua própria coleção e seleção imagética, tornando-se também “donos do trabalho”, ou melhor, do procedimento, replicando-o.

Somado a isso, outro elemento de interesse são os nomes dos estabelecimentos que são impressos nos toldos. O “cantinho do hot dog” ao lado do “escritório bar e lanches” propõe uma reconfiguração de vizinhança. Os nomes apontam para histórias vividas ou imaginadas nesse deslocamento inerente ao trabalho.

Na biblioteca, Alexandre da Cunha mostra um trabalho da sua série de anéis de concreto pré-moldado e latão polido. Normalmente apresentadas ao ar livre, a escultura é mostrada aqui no interior da casa. Os dois trabalhos vêm, portanto, de uma lógica de deslocamento: os toldos vêm da cidade para a piscina e a escultura vai do ambiente externo para o chão de carpete.

 

[i] Impluvium é a palavra em latim que refere-se à uma estrutura arquitetônica projetada para captar agua da chuva. Os telhados eram desenhados com o caimento para um pátio interno, onde a água era coletada. Diferentes culturas utilizaram-se desse sistema, desde os povos Greco-Romanos até regiões do centro e ocidente do continente Africano.

Vistas da exposição
Fotografia: Ding Musa
Quebrada, 2023
toldos e parafusos
dimensões variáveis
Alliance V, 2022
concreto pré-moldado, latão polido
⌀ 150 x 38 cm
Quebrada I, 2023
toldo e parafusos
104 x 223,5 x 6 cm
Quebrada I, 2023
toldo e parafusos
104 x 223,5 x 6 cm
sobre o artista

Alexandre da Cunha (Rio de Janeiro, 1969) vive e trabalha em São Paulo e Londres. Graduou-se na Fundação Armando Alvares Penteado e posteriormente estudou no Royal College of Art e obteve seu MA no Chelsea College of Art, em Londres. Realizou exposições individuais recentes na Galeria Luisa Strina (São Paulo, 2020; 2015); Thomas Dane (Nápoles, 2020; Londres, 2016); The Royal Society of Sculptors (Londres, 2018); Pivô (São Paulo, 2017); Office Baroque (Bruxelas, 2017); CRG Gallery (Nova York, 2015).

Entre os trabalhos de intervenção urbana, destacam-se as obras comissionadas pelo Art on the Underground para a estação de metrô Battersea (Londres, 2021); por Samuels & Associates, Pierce Boston Collection (Boston, 2017); pelo MCA Chicago, parte do Plaza Project (2015), e pelo Rochaverá Corporate Towers (São Paulo, 2015).

Importantes coletivas dos últimos dez anos incluem: Contemporary Sculpture Fulmer, Buckinghamshire village of Fulmer, Inglaterra (2019); Abstracción Textil, Galería Casas Riegner, (Bogotá, 2018); Everyday Poetics, Seattle Art Museum (2017); Histórias da Sexualidade, MASP, (São Paulo, 2017); Soft Power, The Institute of Contemporary Art (Boston, 2016); Brazil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden aan Zee (Haia, 2016); British Art Show 8, Leeds Art Gallery (Leeds, 2015); Cruzamentos – Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts (Columbus, 2014); When Attitudes Became Form Become Attitudes, Museum of Contemporary Art Detroit (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012).

Possui obras nas coleções da Tate Modern, Londres; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; Instituto Inhotim, Brumadinho; CIFO Coleção Cisneros Fontanals, Miami; Coleção Zabludowicz, Inglaterra; Pinacoteca do Estado de São Paulo; FAMA, Itu.

O artista é representado pela Galeria Luisa Strina e Thomas Dane Gallery.

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