É com prazer que anunciamos “Quebrada”, projeto de Alexandre da Cunha para a piscina do auroras. O trabalho consiste na montagem de uma série de toldos coloridos que se projetam da beirada da piscina para o interior, fazendo referência à composição espacial de um impluvium[i], uma pequena vila, uma feira de domingo, uma piazza ou uma quebrada.
Colecionar faz parte da prática do artista. Nos últimos anos, um arquivo fotográfico de toldos foi se formando e a observação das suas qualidades formais instigou um interesse pictórico. De fato, são planos de cores que se destacam da paisagem urbana. No entanto, se frequentemente esses objetos são monocromáticos ou com composições de cores elementares, a agência do tempo e o desgaste do uso conferem à essas coberturas uma complexidade pictórica especial.
Existe uma dimensão de procedimento na elaboração do trabalho que faz com que os visitantes possam “refazê-lo” em outras ocasiões. Isto é, uma vez aguçada a percepção para estes elementos na paisagem urbana, o público cria sua própria coleção e seleção imagética, tornando-se também “donos do trabalho”, ou melhor, do procedimento, replicando-o.
Somado a isso, outro elemento de interesse são os nomes dos estabelecimentos que são impressos nos toldos. O “cantinho do hot dog” ao lado do “escritório bar e lanches” propõe uma reconfiguração de vizinhança. Os nomes apontam para histórias vividas ou imaginadas nesse deslocamento inerente ao trabalho.
Na biblioteca, Alexandre da Cunha mostra um trabalho da sua série de anéis de concreto pré-moldado e latão polido. Normalmente apresentadas ao ar livre, a escultura é mostrada aqui no interior da casa. Os dois trabalhos vêm, portanto, de uma lógica de deslocamento: os toldos vêm da cidade para a piscina e a escultura vai do ambiente externo para o chão de carpete.
[i] Impluvium é a palavra em latim que refere-se à uma estrutura arquitetônica projetada para captar agua da chuva. Os telhados eram desenhados com o caimento para um pátio interno, onde a água era coletada. Diferentes culturas utilizaram-se desse sistema, desde os povos Greco-Romanos até regiões do centro e ocidente do continente Africano.