Ilê Sartuzi
31 de Julho — 02 de Outubro 2021
Ilê Sartuzi
A. E A de novo.
31 de Julho — 02 de Outubro 2021

Abrem-se as cortinas, há uma tentativa de enunciação que resulta tão somente em uma vibração, ou ainda esse imperativo do dizer torna impossível terminar uma discussão. Essas pequenas cenas acontecem em diferentes ambientes do auroras, onde figuram objetos mecanizados, coreografias pré-programadas e aleatórias, sinais de luz, pinturas e vídeos. O que elas têm em comum é que parecem conter uma certa teatralidade na maneira como se apresentam.

Na exposição de Ilê Sartuzi no auroras, as ações parecem um começo sempre postergado, fadadas ao fracasso, ou encontram dificuldade na articulação de um sentido coerente. A tentativa de comunicação emite uma luz vermelha em código morse a partir do interior da casa enquanto escuta-se ruídos de outras partes. Formalmente, a repetição encadeia essas partes em um loop que abrange virtualmente todos os objetos. Isto é, a “vivacidade” das coisas é programada para que existam momentos de saturação de estímulos e outros de ações mais pontuais.

As escalas dos objetos variam de miniaturas, uma cortina para pessoas pequenas, algo do tamanho de brinquedos infantis e o padrão de manequins adultos. Eles remetem à universos de representações, seja pelos exercícios de imaginação infantil ou pelos elementos do teatro.

Pela natureza dos trabalhos, o horário de visitação da exposição é alterado, começando ao anoitecer. Dessa maneira, a mostra permanece desativada durante o dia. Nessa atmosfera, a casa é tomada por objetos inanimados enquanto cria-se uma possível narrativa de novos moradores.

Vistas da exposição
Fotografia: Julia Thompson
Obras
cortina, 2021
óleo sobre tela e veludo
24 x 18 cm
retrato TSF-3 / ??-123, 2021
óleo sobre tela e moldura de aço zincado
180 x 110 cm
prelúdio (ou curtain call), 2021
aço, cortina de veludo, motor de passo, arduino, holofotes PAR20
93 x 76 x 20 cm
prelúdio (ou curtain call), 2021
aço, cortina de veludo, motor de passo, arduino, holofotes PAR20
93 x 76 x 20 cm
casa cabelo, 2021
aço, resina, cera e cabelo
132 x 36 x 36 cm
casa cabelo, 2021
aço, resina, cera e cabelo
132 x 36 x 36 cm
teatrinho, 2021
madeira, aço, bonecos, veludo, luz led, motor de vibração e arduino
60 x 163 x 58 cm
teatrinho, 2021
madeira, aço, bonecos, veludo, luz led, motor de vibração e arduino
60 x 163 x 58 cm
queda, 2021
vídeo HD, cor, som
12’20’’
queda, 2021
vídeo HD, cor, som
12’20’’
discussão I (variação), 2021
resina, fibra de vídro, circuitos eletrônicos, mini-falantes, servo-motor e arduino
em colaboração com Marcus Garcia, Lucienne Guedes e Silvio Restiffe
sinal, 2020-2021
holofote LED programado com código morse, arduino, relay
dimensões variáveis
carrossel, 2021
ferro, resina, boneco, lâmpada halogênica, motor síncrono
36 x 56 x 36 cm
cortina D, 2021
grafite sobre papel
42 x 29,7 cm
casa cabelo II, 2021
cera e cabelo
18 x 12 x 12 cm
pernas sol, 2019
resina
15cm ø
discussão I, 2021
projeção de vídeo sobre manequins, cama
dimensões variáveis
em colaboração com Lucienne Guedes e Silvio Restiffe
retrato de costas, 2020
gelatina de prata
19 x 28.3 cm
mão de bandeja, 2018
óleo e bastão de óleo sobre tela
30 x 40 cm
retrato de manequim criança, 2020
óleo sobre tela
18 x 24cm
wedding (solarizada), 2020
gelatina de prata
20.5 x 15.5 cm
Sobre o artista

Ilê Sartuzi (1995, vive e trabalha em São Paulo) é artista formado pela Universidade de São Paulo (USP). Sua pesquisa envolve objetos escultóricos, vídeos e projeções mapeadas, instalações e peças teatrais abordando questões relativas à imagem idealizada do corpo, muitas vezes fragmentado ou construído a partir de diferentes partes; mas também a ausência dessa figura em espaços proto-arquitetônicos e digitais. O interesse pelas artes dramáticas nos últimos anos conferiu uma teatralidade para os objetos e instalações que são animadas por movimentos mecânicos e interpretam dramaturgias e coreografias. A repetição é recorrente seja como elemento construtivo de objetos moduláveis, uma estrutura cíclica, ou como estratégica dramatúrgica.

Participou de exposições em instituições como Videobrasil (2021); Bienal SUR (2021); Homeostasis Lab (2021); Instituto Moreira Salles (2020); SESC (Ribeirão Preto, 2019; Distrito Federal, 2018); CCSP – Centro Cultural São Paulo (2018); MAC-USP Museu de Arte Contemporânea (2017); Museu de Arte de Ribeirão Preto (2020; 2017; 2015); Centro Universitário Maria Antônia (2019); Galeria Vermelho (2017; 2018, 2019); as três em colaboração com o grupo de pesquisa Depois do Fim da Arte que integra desde 2015. Apresentou peças teatrais realizando projeção mapeada de vídeo em espaços como a Oficina Oswald de Andrade (2018, 2020); Itaú Cultural (2019); Teatro de Contêiner (2019) e no TUSP (2019). Trabalhando por mais de um ano em um projeto específico, estreou sua peça sem atores “cabeça oca espuma de boneca” na Firma (São Paulo, 2019). Recebeu o Prêmio PIPA em 2021.

discussão I (variação), 2021? [detalhe]
resina, fibra de vídro, circuitos eletrônicos, mini-falantes, servo-motor e arduino