Com um degradê que vai de um verde escuro até um preto profundo, Marcius Galan apresenta Água parada, um projeto site specific na piscina do auroras. Simulando a decantação de água no fundo da piscina, o artista modifica o ambiente com precisão, pintando faixas de cor nos azulejos brancos. Essa imagem da água parada sofre uma mudança: ao invés de se manter fiel ao nível horizontal, as linhas que delimitam essas marcas estão em diagonais. Essa estranha variação, quase como se o centro de gravidade do mundo fosse deslocado, insere a obra dentro de um campo “impossível”.
Diferentemente das Seções Diagonais, esta instalação não procura criar um efeito de ilusão ótica. A linha que traçava o espaço, marcando uma diferença cromática em seus trabalhos anteriores, estabelecia um espaço complexo e ambíguo que demandava uma investigação cuidadosa por parte do observador em uma relação ativa. Se a sua prática frequentemente insta uma percepção que, num primeiro momento, é deixada com uma incerteza quanto aos materiais e, nesse caso, a verificação dos materiais não é possível através da penetração no espaço.
Confrontando o elemento construtivo da piscina a céu aberto ao invés da arquitetura tradicional que a obra se relacionava, a mera figuração de um deslocamento do eixo de gravitação da água reverbera, por consequência, numa série de fatores que acabam ligando uma decisão simples, de escala reduzida, à uma suposta modificação de todo um sistema físico do globo terrestre.