A primeira exposição de Rebecca Watson Horn no Brasil reúne seis pinturas abstratas que performam, escondem e revelam a escrita desvinculada do vocabulário ou da fala. O trabalho da artista baseada em Brooklyn começa com palavras e frases específicas, mas através de um processo alquímico de destilação, suas letras-formas tornam-se linhas fluidas, volumes semelhantes a vasos e formas que lembram corpos. As frases são esquecidas, a articulação é resistida, a orientação da escrita é debilitada, as intenções originais são obscurecidas e subsumidas. As letras tornam-se objetos: suas rimas visuais vêm à tona à medida que seus valores sonoros e referências semióticas retrocedem, mas algo de seu significado oculto persiste com um poder simbólico, semelhante a um feitiço.
Nas pinturas expostas na Sala de Projetos do auroras, cada letra-forma emite luz ou projeta sombra, como se respondesse à materialidade áspera de suas superfícies. Na grande pintura suspensa exibida na Biblioteca, Horn adota uma abordagem mais gráfica em diálogo com as obras de Amy Sillman na exposição. Aqui, a trama larga da juta – quase translúcida – suspende suas letras-formas no espaço, sugerindo a suspensão da linguagem e nomeação que as pinturas de Horn convidam em seu rejuvenescimento da apreensão visual e verbal.